sexta-feira, 20 de maio de 2011

A política de Obama é semelhante à de Bush?

Entre os vários debates surgidos depois do discurso de Barack Obama, na quinta-feira, um deles diz respeito às semelhanças e diferenças entre a política externa do atual presidente dos Estados Unidos com as práticas de seu antecessor, George W. Bush.
Em seu
blog no site da revista The American Interest, Walter Russell Mead publicou análise ( acompanhada da montagem de Bush e Obama ao lado) dizendo que “Obama abraçou seu Bush interior”. Ele afirma que, como Bush, Obama deixou claro que não quer o governo americano defendendo o status quo no Oriente Médio, abandonou a tentativa de não criar uma polarização com o Irã, criticou aliados como Iêmen e Bahrein, elogiou aliados e abriu as portas para alianças com grupos oposicionistas dos países do Oriente Médio. Russell Mead afirma que esses eram também princípios de Bush, mas que suas práticas destruíram os ideais:
Obama há muito hesitou entre a ideia de que Bush tinha a estratégia errada e a ideia de que a estratégia era boa, mas as táticas e a apresentação dela eram pobres. Aparentemente agora ele decidiu ficar ao lado dos elementos centrais da estratégia de Bush. Isso é, francamente, mais ou menos o que eu achei que ele acabaria fazendo; os interesses americanos, os valores americanos e o estado das coisas na região. na verdade, não nos dão muitas alternativas. A questão que o presidente Obama – e nós – encaramos agora é se podemos fazer progredir essa estratégia de forma mais efetiva do que Bush fez. Eu espero que sim, mas os obstáculos são altos.
Na
Foreign Policy, David Rothkopf vai na contramão e afirma que o discurso de Obama mostra como a política exterior mudou em apenas poucos anos de administração Obama. Segundo ele, Obama é diferente de seus antecessores por ter mais afinidade com a população da região e por não ver o Oriente Médio como “um mundo cartunesco de bem e mal”, uma óbvia referência a Bush, que estabeleceu o chamado “Eixo do Mal”.
O anúncio de um perdão de dívida significativo e ajuda ao Egito e à Tunísia ilustram outra faceta da administração Obama. Ele não apenas quer se distanciar da abordagem do ‘grande porrete’ da era Bush e não apenas reconhece o fato de que ‘porretes mais espertos’ estão disponíveis para ele e seus aliados, como procura se mover para uma instância diferente, focada em incentivos quando reformas reais são possíveis. Além disso, ao mencionar seu desejo de trabalhar com instituições financeiras internacionais e nossos aliados para criar outras formas de financiamento, comércio e assistência técnica aos programas de nações em reforma, ele mostrou sua preferência de trabalhar de forma multilateral e reconhece que os EUA, com um déficit enorme, teriam que balancear seus compromissos com o apoio de nossos aliados”.


Fonte: Época

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